Disse-lhe a amiga, orgulhando-se da sua maneira frontal de ser.
Ela não respondeu, sentindo o peito encher-se de lágrimas tão profundas, que o orgulho a impediu de soltar.
Virou costas e a amizade acabou ali, sem que nenhuma delas desse um passo para alterar as coisas.
Ambas perdidas na sua monotonia. Ambas procurando fugir dela. Ambas, cheias de medo de si mesmas.
Procurou-me então para que lesse a sua energia. Será que era assim tão chata?
A sua energia não a vai julgar, nunca. Talvez precise de acordar a sua alma. Recuperar o entusiasmo por pequenas coisas. Precisa lembrar os seus talentos e como os pode tirar do lugar onde a desiludiram.
As paisagens do inconsciente são tão íntimas, tão pessoais e tão integrativas. Como uma dança, onde nada nem ninguém fica de fora. No fim, fazemos a limpeza que é o tempero final, a abertura de portas. A clareza de uma postura que não se deixará mais cair diante das projeções dos outros e de uma ressonância que apagará o seu rasto.
Porque a iluminou.
Às vezes os outros são meros agitadores de um cocktail que queremos tornar saboroso.
Voltarão a ser amigas?
Só o tempo o dirá. Talvez no dia em que ambas estiverem noutro lugar em si. Se tiver de ser.
Respirou fundo, sorriu. Demos um abraço.
E quando se afastou, fui eu quem respirou fundo, por algo que subitamente se iluminou em mim.
E tomei, também eu, as minhas decisões.
A Empatia que faz a diferença é a que vemos nas metáforas que nos unem aos outros. É profunda e intimamente sentida. Por isso, crescemos em conjunto.